O diretor-executivo Jailton Batista, da empresa farmacêutica Vitamedic, fabricante da ivermectina admitiu que gastou R$ 717 mil para divulgar o uso do medicamento no combate a Covid-19 mesmo não havendo estudos confirmando sua eficácia. O depoimento de Batista foi prestado nesta quarta-feira (11) na CPI da Pandemia.
Para integrantes da CPI, a empresa estimulou o uso indevido do produto que passou a fazer parte do tratamento precoce incentivado pelo governo Bolsonaro.
Segundo dados fornecidos pela própria empresa à CPI, o número de comprimidos da ivermectina vendidos se multiplicou por 12 entre 2019, quando não havia pandemia, e 2020, quando a doença se espalhou, passando de 24,7 milhões para 297,6 milhões.
O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), citou valores que a empresa faturou apenas com a ivermectina no período, e Jailton confirmou. Foram R$ 15,7 milhões em 2019 e R$ 470 milhões em 2020, ou seja, 30 vezes o faturado no ano anterior. O executivo também disse que, incluindo todos os medicamentos, a empresa faturou cerca de R$ 200 milhões em 2019. Em 2020, subiu para R$ 540 milhões. Em 2021, até julho, já foram cerca de R$ 300 milhões.
“Houve uma demanda do produto. E nós somos fabricantes. Nós produzimos o que o mercado demanda. É só isso.”, disse Batista.
Perguntado por que a Vitamedic continuou vendendo a ivermectina mesmo sem comprovação de sua eficácia para a Covid-19, ele afirmou que o remédio tem indicação para outras doenças e disse novamente que a produção da empresa seguiu o comportamento do mercado. Também admitiu que a Vitamedic não tem pesquisa sobre a eficácia do remédio.
Jailton reconheceu que a Vitamedic pagou R$ 717 mil pela publicação em jornais de um anúncio da Associação Médicos pela Vida favorável ao tratamento precoce com remédios sem eficácia contra a Covid-19. Fez apenas a ressalva que esse anúncio não dizia respeito apenas à ivermectina.