Cinquenta entidades científicas e/ou ligadas à educação enviaram uma carta ao ministro da Educação, Milton Ribeiro, pedindo um novo adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em meio ao aumento de casos e mortes por Covid-19 no Brasil. As associações também cobraram um planejamento do MEC para “atender às necessidades sanitárias emergenciais deste momento”.
O Enem está marcado para os próximos dias 17 e 24 de janeiro e é a principal forma de acesso ao ensino superior.
No documento, as entidades defendem que as propostas apresentadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) para evitar as infecções pelo coronavírus não são suficientes para garantir a segurança da população brasileira.
Elas argumentam que a incidência da Covid-19 vem crescendo no último mês, “sendo quase unânime a previsão de que dará um salto nas próximas duas semanas, como resultado da grande exposição recente”. Além disso, lembram, a maioria dos participantes do exame são adolescentes ou adultos jovens, parcela normalmente mais exposta a saídas e aglomerações.
O documento pedindo o adiamento do Enem é assinado por Ildeu de Castro Moreira, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); Geovana Mendonça Lunardi Mendes, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPED); e Gulnar Azevedo e Silva, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), além de outras 47 entidades.
A Defensoria Pública da União (DPU) entrou com um pedido para tentar adiar o Enem na Justiça Federal de São Paulo. A medida, feita em tutela de urgência, também foi motivada pelo avanço da pandemia no país, que ontem chegou à marca de 200 mil mortos pela Covid-19.
“Não há maneira segura para a realização de um exame com quase seis milhões de estudantes neste momento, durante o novo pico de casos de covid-19”, alega o defensor público João Paulo Dorini, responsável pelo pedido. “A situação é nova, notadamente em razão de tratar-se de uma segunda onda de infecções”, acrescenta.
Dorini ressalta ainda que não há, no governo federal, “clareza sobre as providências adotadas para evitar-se a contaminação dos participantes da prova, estudantes e funcionários que a aplicarão”. Ele pede que a prova seja adiada “até que possa ser feito de maneira segura, ou ao menos enquanto a situação não esteja tão periclitante quanto agora.”