Nesta sexta-feira (10), o cineasta baiano Aly Muritiba, natural de Mairi, conquistou o prêmio do público da mostra paralela Venice Days, do Festival de Veneza com o longa “Deserto Particular”. Inspirada na Quinzena dos Realizadores de Cannes, a seção contempla obras mais autorais, em alguns casos de diretores estreantes.
O filme conta a história de Daniel (Antonio Saboia, que atuou em “Bacurau”), um ex-policial que mora em Curitiba e tem uma vida infeliz, até que ele parte numa jornada em direção ao sertão baiano à procura de Sara, uma mulher com quem ele desenvolve uma relação amorosa a partir de aplicativos de mensagem.
“Desde 2016, com o golpe que tirou do poder uma presidenta democraticamente eleita, minha geração enfrenta o momento mais dramático de sua existência. O país afundou numa espiral de ódio que culminou com a eleição de um fascista como presidente. Essa época de ódio me motivou quando decidi sobre o que seria meu próximo filme. Faria uma obra sobre encontros. Nesse momento de ódio, resolvi fazer um filme sobre o amor”, disse o cineasta em nota à imprensa.
Muritiba disse que ficou contente pelo fato de ter feito um filme de amor num contexto político turbulento. “É uma pequena prova de que no fim o amor sempre vence! E isso não é só nos filmes, o amor sempre vence na vida real e o amor vencerá inclusive na nossa história política.”
O Festival de Veneza termina neste domingo (12), quando anunciarão vencedores desta edição. Os longas mais cotados para levar o Leão de Ouro são “Madres Paralelas”, do espanhol Pedro Almodóvar, e “A Mão de Deus”, do italiano Paolo Sorrentino.
A filmografia de Aly Muritiba como roteirista e diretor tem nomes como “Pátio”, (Cannes Critics’ Week), “A Fábrica” (Clermont-Ferrnad, Oscar shortlist), “Tarântula” (Orizzonti Venice) e “Para A Minha Amada Morta”, seu primeiro longa-metragem, o filme mais premiado no ano em que concorreu no Festival de Brasília.