Nos próximos dias, Cuba colocará em fase 3 de testes clínicos as duas vacinas contra a Covid-19 desenvolvidas em seus laboratórios. A partir de março, a Soberana 02 e a Abdala terão suas eficácias testadas em dezenas de milhares de voluntários de Havana, Santiago de Cuba e Guantánamo, embora o México e o Irã também possam participar da fase III do ensaio da Soberana 02.
Cuba é o primeiro país da América Latina a ir tão longe no desenvolvimento de sua própria vacina, feito científico que o aproxima da meta de imunizar toda a sua população até o final do ano.
“Os resultados até agora são animadores: as duas vacinas candidatas se mostraram seguras e capazes de gerar anticorpos específicos contra o vírus, inibindo a ligação da proteína viral ao receptor celular (a porta de entrada do vírus na célula), e neutralizar a infecção do vírus em culturas de células humanas suscetíveis. Estamos otimistas, até agora as candidatas superaram as metas que essas etapas exigem internacionalmente”, disse ao El País o vice-presidente do grupo empresarial cubano BioCubaFarma, Eulogio Pimentel, que reúne 32 institutos, centros de pesquisa e indústrias de biotecnologia e produção farmacêutica.
Pimentel conta que, na semana passada, o mundo atingiu o pico de vacinações: 6.160.000 doses administradas em um único dia. “Mas nesse ritmo”, diz ele, “levará três anos e cinco meses para vacinar a população mundial”.
A aposta de Cuba é outra: desenvolver seu próprio projeto de vacinas e produzir 100 milhões de doses antes do final do ano, o que permitiria atender às necessidades internas (vacinar 11,2 milhões de cubanos) e exportar o restante.