O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou nesta quinta-feira (27), em depoimento à CPI da Pandemia, que o governo recusou duas ofertas de vacinas que teriam entregas previstas ainda em 2020. Ainda segundo ele, o Brasil “poderia ter sido o primeiro país do mundo a começar a vacinação, não fossem os percalços”, como as dificuldades na negociação com o governo e demora na regulamentação do uso.
A primeira oferta, feita em 30 de julho de 2020, era de 60 milhões de doses, para entrega no último trimestre do ano passado. Sem resposta até agosto, o Butantan reforçou o pedido e também solicitou uma ajuda de R$ 80 milhões para habilitar uma fábrica, que produziria vacinas contra a Covid-19 em 2021.
O diretor afirmou que não recebeu respostas afirmativas para nenhuma das ofertas. “Todas essas iniciativas não tiveram resposta positiva”, disse Covas.
Falta de insumo e atraso na entrega
Ainda à CPI da Pandemia, Dimas Covas afirmou que o problema no recebimento de insumos ameaça a entrega de todas as 54 milhões de doses da vacina previstas até 30 de setembro.
Covas explicou que encerrou no dia 12 de maio, com 12 dias de atraso, a entrega das 46 milhões de doses previstas no primeiro contrato com o Ministério da Saúde e que o cronograma do segundo contrato com as 54 milhões de doses, já começou com atraso e em maio será entregue menos da metade das 12 milhões de doses previstas para esse mês.
“Ainda não temos uma programação para dizer se cumpriremos até 30 de setembro esse contrato. Existe lá [na China] um rito burocrático que tem durado mais de mês para obter essa liberação [dos insumos]”, afirmou.