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Brasil é visto nos EUA como uma ameaça mundial por descontrole da pandemia

Segundo estudo publicado na quinta-feira (10), pela revista científica Lancet, o número de mortes por Covid-19, pode ser três vezes maior do que os números oficiais divulgados. Entre 1º de janeiro de 2020 e 31 de dezembro de 2021, os dados oficiais indicam a ocorrência de 5,69 milhões de óbitos no mundo, mas segundo a pesquisa, mais de 18 milhões de pessoas morreram devido à doença.

FR12 SAO PAULO - SP - 04/03/2021 - CIDADES - CEMIT…RIO VILA FORMOSA - Brasil bate novo recorde: 1.910 mortes por Covid-19 em 24 horas O paÌs contabiliza 259.271 Ûbitos pela doenÁa desde o inÌcio da pandemia, pelas contas do MinistÈrio da Sa˙de.Na foto movimentaÁ„o no cemitÈrio Vila Formosa, zona leste da cidade de S„o Paulo. FOTO: FELIPE RAU/ESTADAO

Com o avanço da vacinação nos Estados Unidos, a população já consegue vislumbrar uma saída no fim do túnel contra a Covid-19 e uma rápida retomada de uma vida normal no país. Paralelamente a isto, os EUA também enxergam uma ameaça potencial no lado de fora: o Brasil.

“Há uma sensação de alarme sobre a natureza não controlada da pandemia no Brasil e o ritmo lento da vacinação – especialmente agora que o Brasil é a fonte de uma nova e preocupante variante da covid-19”, afirma Anya Prusia, do Brazil Institute do Centro de Estudos Wilson Center, em Washington. “A atenção aqui está voltada para a disseminação dessa cepa mais contagiosa, a P.1, que se originou em Manaus.”

Os primeiros dois casos da variante P.1 foram registrados nos EUA em janeiro, horas depois de o presidente Joe Biden revogar uma decisão de Donald Trump e recolocar a restrição de viagens do Brasil aos EUA. Duas pessoas que estiveram no Brasil foram diagnosticadas com a nova cepa, em Minnesota. Até agora, 13 casos da mutação foram registrados em ao menos sete estados, nos EUA.

O que mais alarma os americanos é a recente situação da pandemia no Brasil, que tem batido recorde de mortes. “Enquanto a pandemia continuar a crescer, ninguém estará a salvo”, disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, em coletiva de imprensa.

Há cerca de um mês, o principal infectologista do governo americano, Anthony Fauci, afirmou que isso preocupa os americanos, que não devem derrubar tão cedo o bloqueio de passageiros que estiveram no Brasil. Nesta semana, ele voltou ao tema. “O Brasil está numa situação muito difícil. A melhor coisa é vacinar o maior número de pessoas o mais rápido possível”, disse Fauci, que chegou a dizer que os EUA poderiam ajudar os brasileiros.

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O Washington Post descreveu a vacinação brasileira como um processo de “escassez e atrasos”, enquanto o The New York Times reporta uma vacinação lenta e sem sinalização de melhora. “O país atingiu o pior momento. Surgiram variantes que parecem mais mortais para pessoas saudáveis, e os cientistas documentaram coinfecção por múltiplas variantes”, escreveu Kevin Ivers, vice-presidente da consultoria americana DCI Group, em relatório. “A preocupação é que a disseminação acelere essas coinfecções no Brasil e leve a uma explosão de novas variantes mais agressivas.”

Falta de liderança

Na imprensa e entre analistas americanos, Jair Bolsonaro é o presidente que propaga desinformação, é cético sobre a vacina e está em choque com governadores. “Como aconteceu com Trump, o vácuo de liderança de Bolsonaro deu ao vírus abertura para se espalhar”, disse o Washington Post. Um dia antes, o The New York Times colocou a preocupação com o Brasil em sua capa.

A crise no País já chamou a atenção no ano passado, com as imagens de cemitérios lotados em Manaus e São Paulo. Desta vez, a preocupação é diferente, porque o que acontece no Brasil, segundo os americanos, pode colocar em xeque os avanços do resto do mundo.

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