Coração acelerado durante uma prova, nervosismo antes de uma apresentação importante, sentir-se ansioso é uma resposta natural e temporária do corpo humano a situações de estresse que fogem da rotina. No entanto, nem sempre esses sintomas são passageiros e em níveis proporcionais aos acontecimentos que motivam a preocupação. Nesses casos, especialistas explicam que pode não se tratar apenas de um desconforto ocasional, e sim de um transtorno de ansiedade: uma doença que demanda acompanhamento médico e tratamento.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, 18,6 milhões de brasileiros, quase 10% da população, conviviam com o transtorno, o maior número de pessoas com a doença em um país no mundo.
O coordenador do Centro de Estudos do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPUB – UFRJ), Alexandre Valença, esclarece quando os sintomas deixam de apontar uma sensação comum e acendem o alerta.
“A diferença da ansiedade normal para a ansiedade patológica é que a normal todos nós podemos apresentar no dia a dia. Já o transtorno de ansiedade se caracteriza como sendo uma ansiedade que traz limitações ao cotidiano da pessoa. Ela pode não conseguir trabalhar ou estudar, tem o sofrimento físico e psíquico mais intenso, e os sintomas não são necessariamente relacionados a um problema específico”, explica o psiquiatra.
Quais são os sintomas da ansiedade?
Os sintomas do transtorno de ansiedade variam de pessoa para pessoa, mas podem ser bem semelhantes ao de uma ansiedade rotineira. Porém, no caso da ansiedade patológica, a tendência é que os sinais durem por mais tempo e sejam mais intensos. Além disso, podem aparecer sem que haja necessariamente um motivo por trás.
Já com a ansiedade normal, os sintomas costumam durar apenas algumas horas e desaparecem quando o estímulo que estava provocando o desconforto é superado. É o caso, por exemplo, de uma prova difícil, um evento importante ou algo que é aguardado há muito tempo.
Entre os sintomas mais frequentes relacionados à ansiedade estão:
- Preocupações, tensões ou medos exagerados;
- Sensação contínua de que um desastre ou algo muito ruim vai acontecer;
- Preocupações exageradas com saúde, dinheiro, família ou trabalho;
- Falta de controle sobre pensamentos, imagens ou atitude;
- Pavor depois de uma situação muito difícil;
- Insônia;
- Taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos);
- Sudorese;
- Tremores;
- Ondas de calor ou de frio;
- Falta de ar.
Há também as chamadas crises de ansiedade, ou ataques de pânico. Esses são episódios em que a pessoa pode experienciar um conjunto de sintomas ligados à ansiedade ao mesmo tempo, e com uma intensidade maior ainda. O ataque de pânico pode ser desencadeado por um evento estressante ou ocorrer de forma inesperada, ligada ao transtorno. Ele geralmente dura de 5 a 20 minutos, mas pode chegar a algumas horas.
Em casos mais extremos, a crise de ansiedade pode levar a pessoa ao atendimento médico. Isso porque, como os sintomas envolvem taquicardia e falta de ar, muitos pacientes relatam acreditar que estão tendo um infarto na hora do ataque de pânico, embora não seja esse o diagnóstico.