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Brasil ainda tem 11 milhões de analfabetos

Neste sábado (14), se comemora o Dia Nacional da Alfabetização. De acordo com o PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), em 2019 o analfabetismo atingiu a marca de 6,6% da população. No entanto, o Brasil ainda tem um total de 11 milhões de analfabetos. São pessoas de 15 anos ou mais que, pelos critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não são capazes de ler e escrever um bilhete simples.

Embora o Brasil tenha avançado bastante nesse âmbito, os índices ainda não são os ideais, como explica Antonio Gouveia, coordenador do curso de Pedagogia e da Pós-Graduação em Educação da UNIFACS. “Quando falamos em alfabetização, não é apenas sobre saber ler e escrever. Falamos em leitura de mundo. A linguagem, seja oral ou escrita, é uma forma de expressão. Quando pensamos no analfabeto, é uma pessoa que está excluída do processo de leitura de mundo, de expressões, de comunicação. A alfabetização é um processo de inclusão social”, afirma.

Para ele, superar esses números requer uma estruturação de políticas públicas e programas de alfabetização que contemplem todas as parcelas da população, especialmente as que estão em situação de vulnerabilidade. “Embora existam iniciativas, elas são muito deficitárias. Parte da população não tem acesso a elas, como populações rurais, por exemplo”, comenta o professor.

O Brasil tem como meta zerar a taxa de analfabetismo até 2024, no entanto Antonio acredita que o prazo seja curto para o tamanho do trabalho que precisa ser feito. “É possível que programas de alfabetização consigam contemplar isso, sim. Mas a lacuna que existe ainda é muito grande e a velocidade para implementação desse tipo de projetos não consegue acompanhar para que esse prazo seja cumprido”, avalia.

Analfabetismo funcional

De acordo com o estudo Indicador de Alfabetismo Funcional, elaborado pelo Instituto Paulo Montenegro e pela Ação Educativa, 29% das pessoas podem ser consideradas analfabetas funcionais, ou seja, apesar de saberem ler e escrever, não conseguem interpretar textos. Ainda segundo o pedagogo, existe um problema estrutural no processo de alfabetização.

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“A alfabetização não é simplesmente ensinar a ler e escrever, mas ensinar leitura de mundo, possibilitar à pessoa a possibilidade de compreensão do significado, interpretação do significado simbólico que a língua representa, capacidade crítica e analítica. O processo de alfabetizar envolve também esses aspectos”, afirma Antonio. “Temos hoje uma parcela grande de estudantes na universidade que tem grande dificuldade em interpretação, em análise crítica e isso diz respeito a um processo de alfabetização de base”, completa.

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