O presidente Jair Bolsonaro sinalizou que vai desprezar as regras de vacinação da cidade de Nova York quando viajar para a assembleia geral da ONU na próxima semana, já que alega que não foi vacinado contra Covid-19.
Bolsonaro é o único líder do G-20 que afirma publicamente não ter sido vacinado contra uma doença que matou cerca de 600.000 brasileiros, embora a decisão de colocar uma ordem de sigilo de 100 anos em seus registros de imunização faça com que muitos duvidem dessa afirmação.
Na noite de quinta-feira (16), Bolsonaro reiterou sua suposta decisão de recusar uma vacina, apesar das autoridades de saúde da cidade de Nova York terem dito que os delegados devem mostrar uma prova de vacinação ao entrar no salão da assembleia geral.
“Por que eu seria vacinado?” O presidente declarou durante uma transmissão online, alegando que seus níveis de anticorpos eram tão altos que era desnecessário. Bolsonaro testou positivo para Covid-19 em julho de 2020.
“Assim que todos forem vacinados, eu decidirei meu futuro”, acrescentou Bolsonaro, usando o dedo para limpar o nariz.
A presença do líder brasileiro na reunião da ONU parece assegurada depois que o secretário-geral, António Guterres, admitiu que seria impossível negar o acesso a chefes de estado não vacinados. Os delegados não serão obrigados a apresentar comprovante de imunização antes de comparecer ao evento, cujo discurso de abertura será feito pelo Bolsonaro nesta terça-feira (21).
Mas a decisão de Bolsonaro de ignorar os decretos de vacina do prefeito Bill de Blasio gerou críticas internas e é improvável que ajude o líder brasileiro em sua suposta busca para conquistar o mundo na assembléia da próxima semana.
“Adivinhe qual político não foi vacinado e vai expor seu país e cidadãos a mais um constrangimento internacional?” twittou a deputada federal Erika Kokay (PT-DF).
Nova York exige comprovante de vacinação para Assembleia da ONU e imaginem vocês qual líder político não tomou a vacina e vai fazer seu país e seus compatriotas passarem mais uma vergonha internacional?
— Erika Kokay (@erikakokay) September 16, 2021
Quando o presidente pró-Trump do Brasil fez sua última aparição pessoal na assembleia geral da ONU, em 2019, ele fez um discurso de 30 minutos no qual atacou a mídia e a esquerda.
Alguns relatórios sugerem que Bolsonaro planeja adotar um tom mais suave este ano como parte dos esforços para consertar as relações com o sucessor de Trump, Joe Biden, e apaziguar o mundo antes da cúpula do clima da Cop-26 em novembro. Uma reportagem da CNN Brasil afirmou que Bolsonaro planejava fazer um “discurso pró-Biden