Nesta segunda-feira (30) Beth Gomes, de 56 anos, atleta mais velha da delegação brasileira que disputa os Jogos Paraolímpicos de Tóquio, e também a mais velha que qualquer atleta que tenha ido à Olimpíada, conquistou a primeira medalha de ouro da carreira nesse evento.
Ela é a nova campeã paraolímpica do lançamento de disco na classe F53, ainda que ela própria seja classificada como sendo da F52, para atletas com deficiência mais aguda. Com a vitória na classe F52, o Brasil chega a 99 medalhas de ouro na história dos Jogos.
Depois de assistir a oito atletas se apresentarem, quando já haviam se encerrado todas as demais provas do dia no Estádio Nacional de Tóquio, Beth se aprontou para competir e, logo no primeiro lançamento, de 15,68m, garantiu a medalha de ouro.
Beth continuou evoluindo e fez 16,35m no segundo lançamento, 17,33m no quinto e finalmente 17,62 no sexto e último, estabelecendo um novo recorde mundial, que já era dela.
O pódio ainda teve dobradinha da Ucrânia. A medalha de prata ficou com Iana Lebiedieva, que lançou com 15,48m, e a medalha de bronze ficou com Zoia Ovsii, com 14,37m. Beth, que foi jogadora de basquete em cadeira de rodas (disputou a Paraolimpíada de Pequim em 2008) e até a reclassificação de 2018 competia com sucesso também no arremesso de peso (foi bronze no Mundial de 2015), está inscrita para participar apenas do disco em Tóquio.
Beth Gomes
Beth tem esclerose múltipla, uma doença autoimune que afeta o cérebro e a medula, e que de tempos em tempos reaparece em forma de surto. Ao longo da vida, sofreu diversos baques, precisando superar cada um deles. Não à toa, é conhecida pelo apelido de Fênix. Antes atleta da F54, ela foi reclassificada em 2018 depois de mais um desses surtos, que paralisou todo o lado esquerdo do seu corpo.
Em 2019, sagrou-se campeã mundial no disco em Dubai e parapan-americana em Lima. Tanto que chegou a Tóquio com amplo favoritismo para o ouro, que agora é sua primeira medalha em Jogos Paraolímpicos.
A medalha de Beth, a última do dia do Brasil em Tóquio, é a 12ª de ouro do país na Paralimpíada. Com isso, o Brasil segue brigando pelo quinto lugar. Por enquanto está em sexto, com as mesmas 12 douradas da Ucrânia, mas atrás pelo número de pratas (27 a oito). Austrália (11 de ouro), Itália (10) e Holanda (10) também estão na briga.