A cantora Anitta revelou já ter recebido proposta de desvio de verba pública em contratação de show. A declaração, dada ao “Fantástico” acontece após o cantor Zé Neto – da dupla Zé Neto e Cristiano – criticar durante um show no início de maio, a Lei Rouanet.
A lei, criada em 1991, estimula projetos na área da cultura. Zé Neto disse que não usa recursos da lei Rouanet: “Nosso cachê quem paga é o povo”.
“Estamos aqui em Sorriso, no Mato Grosso, um dos estados que sustentaram o Brasil durante a pandemia. Nós somos artistas e não dependemos de Lei Rouanet, nosso cachê quem paga é o povo. A gente não precisa fazer tatuagem no ‘toba’ para mostrar se a gente está bem ou não”, disse o cantor.
Visto que o show da dupla tinha sido feito com dinheiro público, da prefeitura da cidade, as declarações de Zé Neto deram origem a uma série de questionamentos a respeito das verbas destinadas a apresentações de cantores sertanejos e sem licitação. Gusttavo Lima e outros artistas passaram a perder cachês milionários em cidades pequenas e viraram alvo do Ministério Público, através da CPI dos Sertanejos.
“Eu achei que eu estava só me divertindo com os meus amigos e fazendo uma tatuagem fofa, viu?”, jurou Anitta à reportagem do “Fantástico”, a quem garantiu nunca ter usado recursos obtidos por intermédio da Lei Rouanet em seus projetos artísticos. “Eu liguei pro meu irmão e pro meu outro sócio, Daniel e falei: ‘Gente, eu já usei essa lei, porque eu nem lembro.’ Ele falou: ‘não’ (…) Como a gente começou a nossa empresa do nada, a gente meio que tinha muito medo de errar e fazer bosta. Então, a gente está sempre contratando auditoria.”
Sobre as propostas de prefeituras para desviar verbas através da contratação de shows, Anitta disse: “A gente que é da música sempre soube que isso existia (…) Já recebi propostas, eu e o meu irmão. ‘Ah, você cobra tanto, aí eu vou pegar um pedaço.’ Eu sempre falei: ‘não, Renan, o meu cachê é meu cachê. Na época era cento e poucos. (…) ‘Ah, mas aí ele vai dar mais um pouco, se você declarar que recebeu não sei quanto.’ E eu: ‘querido, meu cachê é esse.’”